Enviado por Renato Maurício Prado -22.07.2011 08h00m
GERAÇÃO PERDIDA
Assistindo à decisão por pênaltis entre
Paraguai e Venezuela, confesso, senti
vergonha. Não somente pela eficiência
demonstrada pelos batedores (em dez
cobranças apenas uma foi desperdiçada),
mas também pelo absurdo que foi a seleção
brasileira não ter conseguido chegar à
semifinal desta Copa América, enfrentando
adversários tão medíocres.
No jogo contra os paraguaios (uma pelada
animada!) a seleção "Vinho Tinto" (a venezuelana)
até merecia a vitória e a vaga — chutou três bolas
na trave e ainda marcou um golzinho, corretamente
anulado por um desvio infeliz num atacante
impedido (o goleiro já estava até batido). A
indigência técnica das duas equipes, entretanto, foi
de constranger brasileiros e argentinos, que fizeram
um baita papelão, apesar de possuirem elencos
milionários e craques badalados.
Não interessa agora discutir as dificuldades de
Messi e dos "hermanos". Mas é obrigação refletir
sobre a nossa questão. Onde erramos? O que se
deve fazer daqui pra frente?
Pra começar, uma triste constatação: a seleção
atual é vítima de um incontestável período de
entresafra no futebol brasileiro. Após anos a fio
assistindo à sucessão natural de gerações
brilhantes, vivemos o crepúsculo da turma que
nasceu entre 1980 e 1982 (Ronaldinho Gaúcho,
Kaká, Adriano, Luís Fabiano etc) e o nascimento de
um outro grupo promissor (o de Neymar, Ganso,
Lucas, Pato etc, base do time que disputará os
Jogos Olímpicos de Londres). O problema é que,
entre eles, houve outra geração (84/85) que
também prometia mas não se transformou naquilo
que se esperava. E aí reside boa parte do drama.
Refiro-me àquela malfadada seleção pré-olímpica,
dirigida por Ricardo Gomes, que tinha entre outros
Diego, Robinho, Maicon, Edu Dracena, Gomes, Alex
(zagueiro do Santos), Dagoberto, Maxwell, Daniel
Carvalho e Fábio Rochemback. Tornaram-se bons
jogadores? Quase todos, sim. Mas nenhum (nem
mesmo Robinho) vingou a ponto de assumir o
protagonismo que, agora, deveria ser desta turma.
O resultado é que já não podemos depender dos
"velhinhos" e os "meninos" ainda se mostram
imaturos — se Neymar e Ganso tivessem ido à Copa
da África do Sul, na reserva, talvez, já estivessem
bem mais amadurecidos...
Qual a saída? Brincando, pode-se dizer que resta
ao técnico Mano Menezes reunir a garotada e, tal
qual Nélson Rodrigues, repetir aquela famosa
resposta dada quando lhe perguntaram que
conselho daria aos jovens:
— ENVELHEÇAM!
FERIADÃO E ZORRA TOTAL. Quer dizer que
Thiago Neves e Ronaldinho Gaúcho conversam e
decidem, juntos, forçar o terceiro cartão amarelo
sem que o técnico Vanderlei Luxemburgo sequer
tenha sido informado disso? Se o departamento de
futebol rubro-negro tivesse comando, ambos seriam
obrigados a treinar normalmente com o grupo e
também a acompanhar a delegação a Macaé, onde o
Fla enfrentará, amanhã, o Ceará — único rival que o
derrotou na atual temporada.
Mas esperar o que de cartolas que vão à Europa
fazer contratações e levam bola nas costas com um
simples telefonema disparado de Belo Horizonte?
CAFAJESTE. E o Kléber, hein? Ainda bem que não
veio pra Gávea.
CALMA! Os gritos da torcida do Botafogo por
Cuca são, no mínimo, precipitados. Somente agora
Caio Júnior começa a ter um elenco à altura das
tradições do clube e, mesmo assim, ainda falta (e
como!) o Loco Abreu. É hora de ter paciência.
Elenco, o Glorioso passou a ter. E acredito que Caio
conseguirá montar um bom time.
ME ENGANA QUE EU GOSTO. O suposto interesse
do Corinthians na milionária contratação do
argentino Carlos Tevez coincidiu com a reta final da
aprovação de diversas isenções e incentivos fiscais
para a construção do "Fielzão", cujo orçamento,
beirando R$ 1 bilhão, estava sob forte crítica. Por
causa da possível transação envolvendo o craque
do Manchester City, o foco do noticiário sobre o
Timão mudou de rumo e, na véspera do
fechamento da janela de transferências,
sintomaticamente, os acordos com o Governo e a
Prefeitura de São Paulo foram assinados e a
desistência de comprar o atacante anunciada. Que
coincidência, hein?
Em tempo: beira o absurdo um clube que está
sendo beneficiado com um empréstimo do BNDES
no valor de R$ 400 milhões e isenções e incentivos
fiscais em torno de R$ 420 milhões (perfazendo o
total, agora, orçado para a obra do estádio)
oferecer R$ 90 milhões por um jogador. Escárnio!
SENTIMENTOS. Força, Abelão! Este momento
(perda do pai) é sempre dos mais difíceis.
MARACANAZO II, A MISSÃO? O renascimento do
futebol uruguaio e o fiasco do Brasil na Copa
América já estão deixando muita gente apavorada...
De novo, não!